terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pelo menos 10 concorrentes a distrital prometem aumentar número de moradias

Entre os candidatos ao Buriti, o ex-governador Roriz avisou: se eleito, vai aumentar cidades e entregar mais lotes

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/08/24/noticia_eleicoes2010,i=209467/PELO+MENOS+10+CONCORRENTES+A+DISTRITAL+PROMETEM+AUMENTAR+NUMERO+DE+MORADIAS.shtml

Ricardo Taffner

Publicação: 24/08/2010 08:22

Existem temas recorrentes em todas as eleições. No Distrito Federal, um assunto que mexe com boa parte da população e dos candidatos é a habitação. Entra e sai campanha e as promessas são as mesmas: regularizar condomínios, garantir moradia para todos por meio de doação ou financiamentos de lotes, entregar escrituras, legalizar novas cidades. E, mesmo com o crescimento desordenado do DF, as promessas continuam na ordem do dia. A questão mobiliza tanta gente que, em todos os pleitos da última década, sempre foi eleito pelo menos um representante do setor. Na Câmara Legislativa, seis políticos foram escolhidos, em momentos diferentes, com a bandeira da habitação. Agora, pelo menos 10 candidatos se apresentam para responder sobre a área na Casa (veja quadro).


Vista geral do condomínio Sol Nascente, em Ceilândia, uma das muitas áreas que ainda precisam ser regularizadas no Distrito Federal
Quando o assunto é moradia, o primeiro nome a ser lembrado é o do ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Em quatro mandatos e 14 anos à frente do Executivo local, ele é considerado o maior responsável pelo inchaço populacional da capital da República. Roriz se orgulha de ter doado milhares de lotes e criado diversas cidades, como Samambaia, Riacho Fundo e Recanto das Emas. Agora, aonde vai, promete dar continuar a essa política. “Não deixem invadir as áreas que estão vazias. Aqui tem lugar para todos”, garantiu, em um
de seus comícios.

Em 1998, o programa de Roriz previa a regularização dos condomínios. Ele venceu as eleições e na disputa seguinte, em 2002, a doação de lotes pautava diversos discursos, apesar da resistência da coordenação de campanha na época. A avaliação dos coordenadores era de que o assunto conquistava os votos de uma parcela do eleitorado, mas perdia os de outra. Nas propagandas eleitorais na televisão, eles conseguiam vetar a proposta, mas, no corpo a corpo, Roriz prometia o que desejava.

Segundo o assessor de imprensa do ex-governador, Paulo Fona, Roriz não tem prometido mais lotes. Apenas pontua a moradia como uma questão fundamental. “É o jeito dele falar”, defende. Ele diz que o candidato do PSC pretende financiar, por meio do Banco de Brasília (BRB) e outras instituições financeiras, 120 mil apartamentos e permitir a ampliação do gabarito dos lotes onde não houver tombamento. Como fez em outras cidades, no último domingo, Roriz prometeu entregar as escrituras dos lotes aos moradores de São Sebastião. “Se possível, vou aumentar a cidade. Quantas pessoas não têm lote no DF?”, questionou.

Distritais
Na Câmara Legislativa, muitos deputados devem os mandatos aos votos conquistados entre os setores de habitação. Paulo Roriz (DEM), Raimundo Ribeiro (PSDB), Batista das Cooperativas (PRP) são alguns deles. Mas a Casa já foi palco de escândalos entre os representantes das questões territoriais. O ex-distrital José Edmar (PSDB) foi preso em julho de 2003 e permaneceu por 29 dias na carceragem da Superintendência da Polícia Federal do DF. Ele foi acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva, parcelamento irregular do solo e lavagem de dinheiro.

Agora, Edmar tenta retornar à Câmara. O PTdoB tentou impugnar o candidato com base na Lei da Ficha Limpa, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF afirmou que a ação era improcedente porque deveria ter sido apresentada pela coligação e não pelo partido. Disputando o mesmo segmento está um ex-assessor dele. Pedro Cezar Maravalho (PTC), conhecido como Pedro Barbudo, atuou ao lado de Edmar no início da década, mas agora está separado do ex-distrital. Na ficha de Barbudo consta uma condenação pela Justiça Federal por promover, em 2001, ocupação irregular de solo e loteamento de terras da União. Apesar disso, ele continua agindo no setor. No início deste ano, Barbudo foi apontado pela Polícia Civil como o líder de uma invasão de área pública no Itapoã.

"O que eles alardearam foram as regularizações ambientais e urbanísticas, mas o principal problema está na questão fundiária. Sem resolver os entraves sobre as posses das terras, não é possível conquistar a escritura definitiva"
Júnia Bittencourt, candidata a distrital pelo DEM


O número
360 mil - Total de pessoas que esperam por um lote na fila da Companhia Habitacional do Distrito Federal

Faltam 40 dias para o 1º turno


Filão muito disputado

O setor da habitação atrai a atenção de pelo menos 20% da população do Distrito Federal. Segundo estimativas das associações de condomínios da cidade, 500 mil pessoas moram em loteamentos irregulares. São 513 condomínios nessa situação, 82% deles em terras particulares. “Essa é uma causa eleitoreira, que faz aparecer políticos interessados apenas nos votos e que esquecem o assunto nos quatro anos de mandato”, diz Adilson Barreto, presidente da Federação dos Condôminos Horizontais do DF (Facho) e candidato a deputado distrital pelo Partido Verde.

Barreto atua na área há 18 anos, mas diz conhecer pessoas com mais de 30 na luta pela regularização. Ele destaca que o governo local começou a dar alguns passos nesse sentido, mas que as denúncias da Operação Caixa de Pandora arrefeceram o ritmo das legalizações.

Para Júnia Bittencourt (DEM), presidente da União dos Condomínios e Associações de Moradores no Distrito Federal (Unica-DF), e também candidata à Câmara, o enfrentamento nunca foi feito de forma planejada e séria. “O que eles alardearam foram as regularizações ambientais e urbanísticas, mas o principal problema está na questão fundiária. Sem resolver os entraves sobre as posses das terras, não é possível conquistar a escritura definitiva”, afirma Júnia.

Marco Lima (PTB) tenta retornar à Câmara defendendo uma política habitacional voltada exclusivamente para pessoas nascidas em Brasília. “Não é nada contra quem é de fora, mas o DF tem sofrido um inchaço populacional”, diz. Para ele, a bandeira é motivo de guerra entre os adversários. Ele é fundador do Instituto Geração Brasília e foi acusado de cobrar, indevidamente, taxa de R$ 19 para fazer o cadastro de pessoas no Programa Minha Casa, Minha Vida e mensalidade no valor de R$ 12 para manter o registro. “Isso não existe. Foi coisa plantada por candidatos ligados a cooperativas habitacionais e à Codhab para derrubar minha candidatura”, garante.

Postado por Antônio Mello.

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